Dermeval Saviani

terça-feira, 5 de junho de 2012

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ESCOLA E DEMOCRACIA  - DERMEVAL SAVIANI

INTRODUÇÃO

O processo de escolarização das classes populares é um fenômeno quase que recente. Foi após as transformações desencadeadas pela Revolução Francesa e sua luta por igualdade, liberdade e fraternidade que a escola tornou-se mister para a sociedade contemporânea.
As primeiras sociedades humanas não eram igualitárias. Se pararmos para observar as grandes civilizações da antiguidade eram extremamente desiguais e se desenvolveram através das atividades desenvolvidas pelos escravos (modo de produção asiático). Até o apogeu e declínio do império romano pode-se constatar que é esse o modo de produção em vigor.
Com o declínio do império romano, um outro modo de produção passa a vigorar provocando uma grande mudança nas relações sociais. É o modo de produção feudal, as relações não eram mais entre donos e escravos e passaram a acontecer entre os senhores feudais e os seus servos. É importante salientar também as ações humanas e a tudo a elas ligadas girava em torno do teocentrismo. Se uma determinada pessoa nascia numa determinada classe social deveria se conformar e desempenhar funções designadas para a sua respectiva classe.

A partir da Idade Moderna, iniciada por volta dos séculos XV e XVI, muitas coisas começaram a mudar, desde a classe dominante que deixou de ser a nobreza e passou a ser a burguesia até a laicização do Estado que desencadeou num processo de mudanças intenso no mundo ocidental.
O século XVII foi marcado por grandes transformações como a Revolução Francesa com a luta por igualdade, liberdade e fraternidade até a declaração universal dos direitos dos homens. Foi a partir de então que todos os homens tornaram-se iguais e que numa nova perspectiva passou-se a ter a educação como forma de torná-los iguais e consequentemente cidadãos, ao mesmo tempo em que isso aconteceu um novo de produção econômica emergiu – o capitalismo – e de novo as relações sociais mudaram drasticamente.
Mas será que temos os mesmos direitos e oportunidades independente da classe social da qual fazemos parte? 

ESCOLA

  A escola se alinha através das classes, onde cada professor apresentava as lições e empregava os exercícios para cada disciplina. Esta escola nasce como a instrução para equilibrar as dificuldades da marginalidade. Saviani busca contextualizar as teorias pedagógicas, iniciando pela pedagogia tradicional, como objetivo organizar a escola e garantir a educação e transformação dos estudantes em cidadãos que possa assimilar através do acervo cultural transmitido pelo professor objetivando a transmissão dos conhecimentos aglomerados pela humanidade.
 Em relação à teoria da escola enquanto Aparelho Ideológico de Estado (AIE), busca perpetuar o poder e os interesses da classe dominante, só que para isso utilizam a ideologia como arma eficaz. Ocorre na nossa sociedade extremamente capitalista a escola está dividida em duas classes: a burguesia e proletariado, surgindo assim à teoria da escola dualista, uma escola onde deve formar a força de trabalho, tentando convencer o proletariado de que os interesses burgueses também lhes beneficiariam.
Dermeval Saviani desenvolve uma teoria crítica da Educação, uma teoria onde exclui qualquer atitude de repressão, discriminação, onde se possa construir uma sociedade sem classes, sem dominantes e dominados, pois a escola é o local onde os educandos são preparados para a vida futura, tornando-se cidadãos capazes de produzir e usufruir dos bens econômicos, culturais e profissionais presentes na sociedade moderna, de forma consciente, responsável e justa.

ENSINO

O ensino no conceito de Saviani significa gerar o saber, realizar a absorção dos conteúdos e transformar a sociedade através das oportunidades e igualdade, dessa forma observando as teorias crítico-produtivistas mostra-nos que a educação é vista como instrumento de poder da classe dominante, atribuindo a mesma a responsabilidade pela marginalidade em nossa sociedade, sendo assim a teoria do sistema de ensino enquanto violência simbólica refere-se ao sistema de ensino adotado pelas escolas na sociedade em que vivemos, o qual assume uma postura que valoriza a classe alta da sociedade, fortalecendo assim, a ideia preconceituosa de que a cultura da classe baixa é inferior, e assim faz com que percamos a esperança de viver em uma sociedade igualitária e democrática, dessa forma ao invés da escola exercer seu papel de principal agente educacional, formando cidadãos plenos, ela legitima o poder simbólico da classe dominante, tornando nossa sociedade cada vez mais hierárquica.


O ensino é um artifício que os educadores devem utilizar de maneira dinâmica, coerente, com atividades que despertem no educando curiosidades, onde elas sejam capazes de aprender mediante seus próprios questionamentos, atitudes e esforços, desenvolvendo assim um aprendizado significativo. O método utilizado pela escola nova veio criticando o método tradicional classificando-o como dogmático, medieval e pré-científico, porem hoje muitas escolas ainda desenvolvem a sua pedagogia voltada para o método tradicional. “O ensino dito tradicional se estruturou através de um método pedagógico, que é o método expositivo, que todos conhecem, todos passaram por ele, e muitos estão passando ainda” (Saviani, 2000, p. 47).


Fazendo um paralelo entre o método tradicional e o método da escola nova Saviani ressalta que: O método tradicional centra-se no professor, nos conteúdos lógicos, enquanto o método novo se centra no aluno, nos procedimentos e no aspecto psicológico. O método novo privilegia os processos de obtenção dos conhecimentos, enquanto o tradicional privilegia a transmissão dos conhecimentos já obtidos. A escola nova buscou considerar o ensino como um processo de pesquisa essa forma seria o desenvolvimento de um projeto de pesquisa. Assim o ensino da escola nova seria organizado seguindo essa linha: o primeiro passo uma atividade, o segundo suscitar um problema, o terceiro levantamento de dados, o quarto hipóteses e no quinto a experimentação. A pedagogia nova proclama a democracia, porém essa democracia não chegou para todos, apenas para pequenos grupos (burgueses), pois a classe operária continuou a ter acesso ao básico da educação tradicional, dessa forma com essa divisão é impossível falar em democracia. De acordo com Saviani “quanto mais se falou em democracia no interior da escola, menos democrática ela foi”.

APRENDIZAGEM

O aprendizado é compreendido como uma consequência voluntariamente e estimulada entre o aluno e o professor.
Aprender é desenvolver a capacidade de processar informações e organizar dados resultantes de experiências ao passo que receba estímulos do ambiente. O papel do educador é auxiliar cada educando a potencializar sua inteligência, sendo assim o professor deve ser curioso e criativo, buscando sempre conhecer as potencialidades e limites de cada um de seus alunos, oferecendo-lhes o meio mais eficaz para chegarem ao conhecimento.
Para Duarte (2003) assim como para Saviani (1997) o trabalho educativo produz nos indivíduos a humanidade, alcançando sua finalidade quando os indivíduos se apropriam dos elementos culturais necessários a sua humanização.
Assim, os professores devem elaborar estratégias de aprendizagem que capacitem o aluno para a vida em sociedade. Devem procurar trabalhar conteúdos que tenham significação humana e social, possibilitando assim a inclusão do educando no meio em que está inserido, tornando-os seres críticos diante da realidade de sua sociedade, preparando o aluno para o mundo adulto, com participação organizada e ativa na democratização da mesma.

CONCLUSÃO

Enquanto a escola servir aos interesses de um pequeno grupo como ferramenta de manutenção do status quo ela jamais será democrática e instrumento de transformação social.


FOTO 1: 
http://conhecimentoseducacaobrasileira.blogspot.com.br/2010/10/
dermeval-saviani-sua-historia-e-suas.html
 Biografia
Dermeval Saviani
"A Pedagogia Histórico-Crítica não é outra coisa senão aquela pedagogia empenhada decididamente em colocar a educação a serviço da referida transformação das relações de produção." 

Brasileiro, nasceu em Santo Antônio de Posse no dia 25 de dezembro de 1943 com formação em filósofo e pedagogia, formou-se em filosofia pela PUC-SP em 1966 e doutorando-se em filosofia da educação na mesma instituição. Foi professor da Universidade Federal de São Carlos e desde 1980 e na Unicamp, a qual tornou-se professor emérito. Considerado filósofo da educação e/ou pedagogo fundador de uma pedagogia dialética, que denominou Pedagogia Histórico-Crítica.

FOTO 2: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/diretor/pde-esta-cada-escola-500794.shtml

 "(...) A necessidade de se articular teoria e prática levou-me à busca de alternativas, traduzidas na concepção que denominei de pedagogia histórico-crítica cuja marca se define pela tentativa de superar tanto os limites das “pedagogias não-críticas” como das “teorias crítico-reprodutivistas”.


Obras:
• Escola e Democracia, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1986
• Educação - Do Senso Comum a Consciência Filosófica, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1980.
• Ensino Público e Algumas Falas sobre Universidade, São Paulo: Cortez Autores Associados, 1985.
• Sobre a Concepção de Politécnica Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 1989
• A Pós-Graduação em Educação no Brasil, Florianópolis/São Paulo: UFSC/Cortez, 2002
• A Questão Pedagógica na Formação de Professores, Florianópolis: Endipe, 1996
• A Nova Lei da Educação-Trajetória, Limites e Perpectivas, Campinas: Autores Associados, 1999
• Pedagogia Histórico-Crítica, primeira aproximações, Campinas: Autores Associados, 2000
• Política e Educação no Brasil-O Papel do Congresso Nacional na Legislação do Ensino, São Paulo, Cortez, 1987
• Da Nova LDB ao Novo Plano Nacional de Educação - Por Outra Política Educacional, Campinas, Autores Associados, 1998.

Currículo lates

Possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1966) e doutorado em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1971). Em 1986 obteve o título de livre-docente; em 1990 foi aprovado no Concurso Público de Professor Adjunto de História da Educação da UNICAMP; e em 1993 foi aprovado no Concurso Público de Professor Titular de História da Educação da UNICAMP. Atualmente é pesquisa e desenvolvimento, ensino da Universidade Estadual de Campinas e professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas. É Professor Emérito da UNICAMP, Pesquisador Emérito do CNPq e Coordenador Geral do Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil" (HISTEDBR).Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia e História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação brasileira, legislação do ensino e política educacional, história da educação, história da educação brasileira, historiografia e educação, história da escola pública, pedagogia e teorias da educação.


 
Referências bibliográficas:
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 33.ª ed. revisada. Campinas: Autores Associados, 2000.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-crítica: primeiras aproximações. 6. ed. Campinas: Autores Associados, 1997.
http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/tendencias-pedagogicas-brasileiras.htm.Acesso em 31 de maio 2012.
http://pt.wikipedia.org. Acesso em 31 de maio de 2012.
           
  Atividade 2 de PPP III
Equipe:
Ana Patricia Sousa
Bethsabéia Fernandes
Juscicléia Lima
Sheila Rosário
Pedagogia (3º Semestre) Iguatemi



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