ESCOLA
Segundo Perrenoud (1999), a escola não aceita inovações, jamais toparia romper com o tradicionalismo, pois as práticas pedagógicas e didáticas não estão voltadas para a construção de competências. Pode-se afirmar que a abordagem por competências na escola é uma questão de continuidade, pois a escola só aceita a idéia de competências quando os conteúdos de competências guiam os conhecimentos disciplinares. Enfim, a escola tem o receio de envolvimento da abordagem das competências porque seria questionada a respeito do funcionamento das práticas pedagógicas e didáticas.
O desenvolvimento das competências é o caminho para a escola modernizar a educação. A escola não pode ficar na mesmice de apenas transmitir conhecimentos, mas ir em busca de desenvolver as competências dos alunos, por meio de projetos. A escola deve conscientiza-se que o ensino deve ser encarado como uma forma de preparação para a vida toda. Daí deve-se analisar determinadas situações e ações para o desenvolvimento de competências, a fim de gerar conhecimentos. Mas para haver o desenvolvimento das competências é necessário trabalhar por resolução de problemas e projetos, a fim de desafiar os conhecimentos dos alunos.
A escola não é o único ambiente do sucesso e fracasso escolar. A aprendizagem deve ter a finalidade de capacitar o aluno a mobilizar suas aquisições escolares em qualquer ambiente para que se torne um ambiente pedagógico. A escola frequentemente tenta esconder o seu próprio fracasso de uma maneira ou de outra, quando não deveria , pois ela própria fabrica e seleciona o fracasso. Sua organização proíbe de tentar algo novo. Ao findar o ano letivo, a escola deveria se prontificar a tomar medidas específicas, intensivas e originais para alguns alunos, porque o que se tem visto na escola é a reprovação dos alunos mais fracos, enquanto os outros obtêm a aprovação, como se isso garantisse uma aprendizagem significativa.
O desenvolvimento de competência não é simplesmente acompanhar um programa; exige a continuidade de sua construção e testagem. O programa é insignificante, o que se deve ser feito é buscar resoluções para o problema que não foi solucionado com a ação pedagógica. Dessa forma, a escola deve sair da mesmice para não repetir a ação pedagógica, mas criar novas estratégias para resolução de um determinado problema.
ENSINO
Em sua obra Construir Competências Desde A Escola Philippe Perrenoud analisa o ensino, como uma preparação para a vida toda. Para ele desenvolver competências deve partir da análise de situações, da ação derivando conhecimentos, ou seja, ensinar aos alunos a resolver situações complexas do cotidiano, não apenas transmitindo conhecimentos é preciso trabalhar situações reais através de projetos que venham a desenvolver as competências dos educandos.
O exercício da transferência faz parte do trabalho regular da escola.Tratando-se de um ensino por competências, o problema da transferência de conhecimentos pode ser resolvido, já que, muitas vezes, a escola não tem a preocupação de relacionar o que se aprende durante a escolaridade, os conhecimentos disciplinares aprendidos às situações da vida. A transferência e a mobilização das capacidades precisam ser treinadas, e isso exige tempo, etapas didáticas e situações apropriadas, que hoje não existem.
Para Perrenoud o ensino por competências tem implicações para o ofício de docente, tais como:
- Considerar os conhecimentos como recursos a serem mobilizados;
- Trabalhar regularmente com problemas;
- Criar ou utilizar outros meios de ensino;
- Negociar e conduzir projetos com seus alunos;
- Adotar um planejamento flexível e indicativo e improvisar;
- Implementar e explicitar um novo contrato didático;
- Praticar uma avaliação formadora em situações de trabalho;
- Dirigir-se para uma menor compartimentação disciplinar.
Na perspectiva de criar ou utilizar outros meios de ensino Perrenoud analisa que não há necessidade de utilizar os métodos como cadernos de exercícios ou de fichas, mas sim de situações interessantes, que levam em conta a idade e o nível dos alunos, o tempo disponível, e as competências a serem desenvolvidas.
Sendo assim, seria importante que os editores ou os serviços de didática colocassem à sua disposição ideias de situações, pistas metodológicas e materiais adequados para auxiliar o professor quanto ao ensino.
APRENDIZAGEM
Perrenoud acredita que o papel do professor é reconhecer, acompanhar e conduzir os alunos ao domínio dos objetivos apresentados no currículo escolar, de forma que estes alunos estejam envolvidos em suas aprendizagens e em seu trabalho na pratica de avaliações formativas. Através desse apoio e acompanhamento serão criados assim em sala de aula ambientes mais próximos e sem barreiras para ambos interagirem. Os professores precisam estar atentos para que os alunos encontrem o caminho para atingir esses objetivos dentro dos ciclos anuais de aprendizagem, e devem reconhecer também o ritmo como esse aluno acompanha e assimila esses conhecimentos transmitidos, para evitar que a sua forma de abordagem e troca de conhecimentos estejam a privilegiar apenas parte da sua turma e não o seu todo, como é o objetivo do ciclo escolar.
Apresenta uma nova visão para o oficio de professor, onde este é roteirizado por uma pratica reflexiva, de profissionalização do individuo, trabalho em equipe e por projetos, com autonomia e responsabilidades crescentes, acreditando em uma pedagogia diferenciada e sensível as situações de aprendizagem, redelineando assim a atividade docente.
Em seu livro “10 Novas Competências para Ensinar” Perrenoud apresenta como ideia central a retirada do professor da zona de conforto para a realização de uma prática reflexiva de seu ensino/aprendizagem, onde o foco deve estar voltado para o envolvimento do aluno nas atividades, os mantendo interessados e motivados a concluir a sua trajetória escolar de forma consciente e participativa, deixando de lado a antiga imagem do aluno receptor de informações, para despertar e incentivar esse individuo na realização e criação dos seus projetos pessoais, quebrando a nostalgia pré-existente no ambiente escolar, tornando o ambiente mais atrativo ao aprendizado e crescimento desse aluno.
E o autor espera que todo professor saiba reconhecer as dificuldades apresentadas pelos seus alunos, no que diz respeito à passagem e troca de conhecimentos durante o ciclo escolar, e que a partir do reconhecimento dessas demandas presentes em suas classes e grupos, este professor busque, através da sua formação continuada, as respostas necessárias para solucioná-las. O professor deve sempre se questionar e refletir sobre a sua pratica pedagógica, verificando os pontos onde está tendo uma aceitação positiva sobre a sua maneira de ensinar, e melhorar sempre nos pontos em que não esteja indo tão bem, ou com déficit da aceitação esperada.
Outro ponto de suma importância que Perrenoud cita em seu livro é a participação e o envolvimento dos pais e responsáveis pelos alunos no ambiente escolar, pois a tarefa de educar o aluno para a vida social deve ser dividida entre a casa e a escola, e o principal mediador para a criação desta ponte é o educador, através de reuniões para a troca transmissão de informações sobre o educando, para que estes acompanhem o desenvolvimento de seus filhos e partilhem com o educador dados que possam ajudar ainda mais estes alunos.
BIBLIOGRAFIA
Philippe Perrenoud |
Philippe Perrenoud nasceu na Suíça, em 1944. Doutor em Sociologia e Antropologia, atualmente, é professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, na Universidade de Genebra das áreas de currículo escolar, práticas pedagógicas e instituições de formação. Também é diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na Formação e na Educação (Life), de Genebra.
É uma referência para os educadores no Brasil pelo fato de suas idéias pioneiras sobre a profissionalização de professores e a avaliação de alunos serem hoje consideradas fonte única para todos pesquisadores em educação e assessores em políticas educacionais, estando na base, inclusive, dos Novos Parâmetros Curriculares Nacionais e do Programa de Formação e Professores Alfabetizadores do MEC (PROFA), estabelecidos pelo MEC.
É autor de vários títulos importantes na área de formação de professores, tais como:
- Avaliação – da excelência à regulação das aprendizagens;
- Pedagogia Diferenciada; Construir as competências desde a escola;
- Dez novas competências para ensinar.
Seu interesse em estudar as problemáticas educacionais surgiu durante o seu doutorado em Sociologia, quando teve a oportunidade de estudar o processo de evasão escolar e suas referências com as desigualdades sociais. Perrenoud propõe, a partir de suas experiências na área pedagógica, um modelo educacional baseado em ciclos de três anos, no qual a criança dispõe desse período para desenvolver as competências de sua faixa etária.
TRECHO
“Não é possível formar professores sem fazer escolhas ideológicas. Conforme o modelo de sociedade e de ser humano que defendemos, não atribuiremos as mesmas finalidades à escola e, portanto não definiremos da mesma maneira o papel dos professores. Eventualmente, podemos formar químicos, contadores ou técnicos em informática abstraindo as finalidades das empresas que os contratarão. Podemos dizer, um pouco cinicamente, que um bom químico vai continuar sendo um bom químico tanto no caso de fabricar medicamentos ou drogas. Que um bom contador vai saber lavar dinheiro ou aumentar o capital de uma organização comunitária. Que um bom técnico em informática poderá servir tão eficazmente à máfia quanto à justiça. As finalidades do sistema educacional e as competências dos professores não podem ser dissociadas tão facilmente. Não privilegiamos a mesma figura do professor se desejamos uma escola que desenvolva a AUTONOMIA ou o conformismo, a ABERTURA DO MUNDO ou o nacionalismo, A TOLERÂNCIA ou o desprezo por outras culturas, o GOSTO PELO RISCO INTELECTUAL ou a busca de certezas, o ESPÍRITO DE PESQUISA ou o dogmatismo, o SENSO DE COOPERAÇÃO ou a competição, a SOLIDARIEDADE ou o individualismo."
Philippe Perrenoud - As Competências para ensinar no século XXI
Livros Publicados
PERRENOUD, Philippe. Pedagogia diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
PERRENOUD, Philippe. Por que construir competências a partir da escola? Desenvolvimento da autonomia e luta contra as desigualdades. Porto: ASA Editores.
PERRENOUD, Philippe. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Porto Alegre: Artmed, 2001.
PERRENOUD, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia do fracasso. Porto Alegre: Artmed, 2001.
PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógicas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
PERRENOUD, Philippe. Aprender a negociar a mudança em educação: novas estratégias de inovação. Porto: ASA Editores, 2002.
PERRENOUD, Philippe. Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.
PERRENOUD, Philippe. Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora, 1995.
PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artmed, 1999.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
PERRENOUD, Philippe. Por que construir competências a partir da escola? Desenvolvimento da autonomia e luta contra as desigualdades. Porto: ASA Editores.
PERRENOUD, Philippe. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Porto Alegre: Artmed, 2001.
PERRENOUD, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia do fracasso. Porto Alegre: Artmed, 2001.
PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógicas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
PERRENOUD, Philippe. Aprender a negociar a mudança em educação: novas estratégias de inovação. Porto: ASA Editores, 2002.
PERRENOUD, Philippe. Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Porto Alegre: Artmed, 2004.
PERRENOUD, Philippe. Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora, 1995.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
- Bibliografia:
TEORIAS PEDAGÓGICAS: PHILLIPE PERRENOUD (acesso em 19/05/2012) Disponível em <http://www.fae.ufmg.br/teoriaspedagogicas/perrenoud.htm>
EDUCAR PARA CRESCER (acesso em 20/05/2012) Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/materias_296368.shtml>
PERRENOUD, Philippe. DEZ NOVAS COMPETENCIAS PARA ENSINAR. Porto Alegre: Artmed, 2000. 192 p.
DREYER, Diogo; RISCHBIETER, Luca. Entrevista: O pensador dos ciclos. Disponível em: <http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0108.asp>. Acesso em: 30 abr. 2012.
HAMZE, Amélia. Fundamentos para a pedagogia diferenciada. Disponível em: <http://educador.brasilescola.com/trabalho-docente/fundamentos-para-pedagogia-diferenciada.htm>. Acesso em: 30 abr. 2012.
MIGLIACCI, Paulo. Philippe Perrenoud: O futuro da escola nos pertence. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u511.shtml>. Acesso em: 30 abr. 2012.
Atividade 2 de PPP III
Equipe:
Helane
Juliana
Helane
Juliana
Polyana Rolim
Silvana
Pedagogia (3º Semestre) Iguatemi